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Uma frustração de caneta sem tinta,
Um grito mudo num pesadelo acordado,
Uma dor que não se sente, mas está,
Pesa e gasta,
Uma saudade impossível do fim do mundo,
Uma voz que diz que nos ama
Atrás de um muro intransponível,
Um sorriso constante de plástico
Com o desespero dentro,
Uma recordação que se esconde
Atrás de uma cortina fina,
Um nome disfarçado na pele tatuada,
Uma impossibilidade de solidão,
Um desejo inelutável de calar uma multidão
Que nos ignora,
Um vazio debaixo dos pés do corpo que grita,
Um amigo a quem confiámos o coração,
A quem confessámos todos os pecados
Que se afasta na escuridão de punhal na mão,
Uma vela que se apaga quando o silêncio
Deixou o quarto vazio,
Um apelo silencioso de quem não esqueceu
E só quis a nossa morte na sua vida,
Um olhar impossível nas costas de uma face insuportável,
Um cansaço que não vence os sonhos
Apesar de todos os poemas serem
Uma frustração de uma caneta sem tinta,
Uma dor inconfessável,
Uma fraqueza tornada visível,
Um fim que não acaba…
22.02.2011
Turku
João Bosco da Silva
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