terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



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Uma frustração de caneta sem tinta,

Um grito mudo num pesadelo acordado,

Uma dor que não se sente, mas está,

Pesa e gasta,

Uma saudade impossível do fim do mundo,

Uma voz que diz que nos ama

Atrás de um muro intransponível,

Um sorriso constante de plástico

Com o desespero dentro,

Uma recordação que se esconde

Atrás de uma cortina fina,

Um nome disfarçado na pele tatuada,

Uma impossibilidade de solidão,

Um desejo inelutável de calar uma multidão

Que nos ignora,

Um vazio debaixo dos pés do corpo que grita,

Um amigo a quem confiámos o coração,

A quem confessámos todos os pecados

Que se afasta na escuridão de punhal na mão,

Uma vela que se apaga quando o silêncio

Deixou o quarto vazio,

Um apelo silencioso de quem não esqueceu

E só quis a nossa morte na sua vida,

Um olhar impossível nas costas de uma face insuportável,

Um cansaço que não vence os sonhos

Apesar de todos os poemas serem

Uma frustração de uma caneta sem tinta,

Uma dor inconfessável,

Uma fraqueza tornada visível,

Um fim que não acaba…



22.02.2011



Turku



João Bosco da Silva

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