sexta-feira, 13 de maio de 2011


Não Importa


para os meus afilhados,


Não importa, algo virá, mantém as mãos vazias, não deixes que as tuas nádegas

Se tornem raízes, não te esqueças das pernas, sempre em busca, seja do que for,

Mesmo que seja de algo para se buscar, algo virá, não te sentes,

O purgatório é uma sala de espera e tu ainda estás vivo e baptizado

E se é de inferno que gostas, muito fogo, muito pecado, daquele que se sente na carne

E não deixa dúvidas para a vida, longe da mentira asséptica de paraíso e tédio eterno.

Gasta a vida como se fosse tua, apesar de tudo é o único que é quase teu, que és quase tu,

Sem nome, tantos iguais, perdidos, em lápides, em descampados cobertos por esquecimento,

Heróis de antes dos tempos e cada dia é um novo começo para o fim, não importa.

Há quem agradeça, obrigado por me terem dado a vida de volta, será ironia (?)

Ou apenas estupidez, porque deus não existe e deus é teravidadevolta, não importa.

Sabes que os amigos não estão onde é impossível encontrá-los, mas que sabes tu

De impossíveis quando já chegaste onde te sentas agora, no topo da fronteira

Com o infinito, a um passo constante da eternidade, um fio de cabelo do comprimento

De um universo, onde dentro lhe corre o tempo, onde por fora lhe brilha o espaço

E entretanto contra as probabilidades pequenas tu és e realmente, não importa,

Segue, de pé, sempre em pé, em frente que tu já és o que atrás,

És a esperança dos segundos que foram engolidos pelo nada, és o resultado de muitos fins

Por isso não importa, mais um fim, só te tornará mais, maior,

E já devias saber que mãos vazias têm mais espaço para agarrar o universo, não importa.



13.05.2011



Turku



João Bosco da Silva

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