sábado, 4 de junho de 2011






Não Um Poema de Amor




O rio parece quase frio e a noite nem permitiu escuridão, o azul quase desmaia,

Mas os seus olhos continuam a procurar o meu sorriso, sorri e o rio passa,

Enquanto a arte se tornou em algo para agradar, exprimir o que se espera que se espere,

Flutuando em águas cansadas e castanhas, enquanto as cinco da manhã se aproximam

E o banco de jardim se torna pequeno, enquanto imagens tão parecidas com outros nomes,

Outro perfume, outros rios, outro amanhecer invertido: a vida é uma sucessão

De momentos que se repetem sempre de forma diferente, agradeço a miopia,

Olhos para coisas pequenas, próximas, que além os braços não chegam.

Não interessa quem passa quando as horas se escoam pela minha uretra

E as paredes da biblioteca impedem-me de ser dentro, sempre excessivamente dentro,

Mesmo quando os lábios se encontram e as portas do táxi se fecham e levam a noite,

Levam a memória, deixam o cansaço, o peso da possibilidade, a responsabilidade

Da oportunidade a latejar nos lábios e tem havido noites sem estrelas,

Um frio que não se sente e sem saberem, todos regressam a casa sós e mais pequenos,

Tentarão florir, mas perceberão que às quase cinco da manhã ainda é tarde para começar,

Leva-se a companhia do aroma do interior de alguém, o aroma doce de mais uma derrota conquistada,

Mais um nome que será olhos azuis, o tamanho dos seios nas mãos, a cor do cabelo espalhada

Pela carne salpicada de orvalho, ou suor, não interessa, já é tarde, a casa aspira todos ao vazio.





Turku





04.06.2011





João Bosco da Silva

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