Não Um Poema de Amor
O rio parece quase frio e a noite nem permitiu escuridão, o azul quase desmaia,
Mas os seus olhos continuam a procurar o meu sorriso, sorri e o rio passa,
Enquanto a arte se tornou em algo para agradar, exprimir o que se espera que se espere,
Flutuando em águas cansadas e castanhas, enquanto as cinco da manhã se aproximam
E o banco de jardim se torna pequeno, enquanto imagens tão parecidas com outros nomes,
Outro perfume, outros rios, outro amanhecer invertido: a vida é uma sucessão
De momentos que se repetem sempre de forma diferente, agradeço a miopia,
Olhos para coisas pequenas, próximas, que além os braços não chegam.
Não interessa quem passa quando as horas se escoam pela minha uretra
E as paredes da biblioteca impedem-me de ser dentro, sempre excessivamente dentro,
Mesmo quando os lábios se encontram e as portas do táxi se fecham e levam a noite,
Levam a memória, deixam o cansaço, o peso da possibilidade, a responsabilidade
Da oportunidade a latejar nos lábios e tem havido noites sem estrelas,
Um frio que não se sente e sem saberem, todos regressam a casa sós e mais pequenos,
Tentarão florir, mas perceberão que às quase cinco da manhã ainda é tarde para começar,
Leva-se a companhia do aroma do interior de alguém, o aroma doce de mais uma derrota conquistada,
Mais um nome que será olhos azuis, o tamanho dos seios nas mãos, a cor do cabelo espalhada
Pela carne salpicada de orvalho, ou suor, não interessa, já é tarde, a casa aspira todos ao vazio.
Turku
04.06.2011
João Bosco da Silva
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