quarta-feira, 14 de setembro de 2011


É A Vida



Geralmente surge de uma dor como a fome ou uma abstinência obstinada por razões

Pouco saudáveis para a alma, menos saudáveis para o corpo e saudades de corpos vazios

Que constantemente nos chegam cheios de momentos e engolem-se como se

A luz não ameaçasse um dia fugir-nos dos olhos, mas a vida a chama de uma vela,

Curta, frágil e tantos são os ventos, todos nos sopram contra a vontade da altura.

Mas isto não tem que ser um poema triste, nem aquele último olhar que se negou,

Nem as “promessas” feitas nos suspiros quentes, nem uma mão de terra que se espalha

No ar antes de cair na despedida eterna de um amigo, nem o beijo dado a quem se ama

Depois de se ter fodido quem se desej(ou)a, com o cheiro de outra cor no cabelo,

Nem o avião que parte e leva no porão todos os momentos quentes que arrefecem

E se tornam em fotografias para as longas noites de Outono, enquanto se espera

Até à morte e só a dor perdura nos corações dos que perderam, mas a dor não é triste

É dor, permite a existência do prazer, dos primeiros olhares através dos invisíveis,

Das promessas que vivem na eternidade de um momento e só aí podem ser cumpridas,

O privilégio de ter um amigo e de o manter vivo no nosso corpo, a ilusão do amor

Ou o que for, alguém que nos espera no aeroporto com barba comprida e basta um olá,

As folhas que caem para que venham outras, outros poemas que não são tristes,

Triste é quem os lê e quem os lê é gente e gente é uma busca incessante pela felicidade: é a vida.



14.09.2011



Turku



João Bosco da Silva

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