Prostituta Frígida ou Poema De Sem Amor
“One day I will find the right words, and they will be simple.”
Jack Kerouac
Não tenho muitas mais palavras, só o cheiro do fumo dentro de um livro que foi meu,
O meu nome quase sismo no teu coração assustado, dois ou três cabelos brancos
Fechados num envelope de uma carta imaginária que ficou por enviar no desejo
De um último beijo e também isso tenho, o desejo desactualizado de um último beijo,
Não tenho mais palavras, só o bolso cheio de chaves para portas perdidas
Um bolso enorme com buracos que se prolongam numa eternidade de almofada
Onde se perdem as noites que me emprestaste e que ainda não devolvi,
Tenho-as tratado bem com cerveja e carne fresca, gritos doces e jardins verdes,
Não tenho palavras, só os dedos ainda cansados de te procurar dentro de outras almas,
Em corpos de papel, em vozes alheias e amores perdidos de desconhecidos e fingidos.
Não me esqueci das palavras que usei, simplesmente já as usei e também elas têm
Apenas uma vida, as que não são pedras, porque pedradas dão-se muitas
Ao longo de uma vida às mesmas pecadoras, algumas palavras é que não,
Porque se transformam de forma irreversível, como a vida em morte.
12.09.2011
Turku
João Bosco da Silva
João, este poema está fantástico.
ResponderEliminarA mim restam-me poucas, das poucas quase nenhumas.
Apetece-me gesticular e, dos gestos, inventar uma vénia.
Abraço
http://rabiscosincertossaltoemceuaberto.blogspot.com/