Estar Doente
Aqueles dias entre o sofá e a cama, com febre e uma dor de cabeça que a mãe resolvia
Com xarope de cenoura, chá de limão e canja de galinha com ovos pequeninos longe da casca,
Seguros quando o mundo parecia acabar tão cedo e a noite se colava às mantas frias
E húmidas como algumas mulheres que mais tarde viriam a fazer parte da pele febril.
A lareira inocente nunca deixava de chamar com a sua língua de vento, enquanto o silêncio
Lá fora, transformava tudo em vidro e sono e só os cães pareciam ser os verdadeiros
Habitantes das ruas solitárias, com cheiro a fumo e saudades do Sol de Agosto, viciado nos
Primeiros beijos e goles prolongados na perdição da vida entre o sofá e a cama, sem desculpas
De convalescença, a mãe lá longe onde a criança se deixou ficar, porque é para garotos
Continuar e o mundo não permite olhos inocentes, só doentes, cansados, viciosos e viciados,
Olhos no chão, fixos além da chama, na parede enegrecida, também pelos anos.
Às vezes só se queria mais um dia, daqueles piores nos melhores tempos, uma incapacidade
Facilitada pelo carinho que se aceitava com a naturalidade de uma cria mimada.
03.10.2011
Turku
João Bosco da Silva
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