Precocidade Do Cair Das Folhas
Antes das azeitonas a inocência das uvas no lagar fermenta em troca de noites desesperadas,
Prémios ridículos só do tamanho dos sonhos, do medo dos ratos pequenos só pela hipocrisia
De não se ser sincera ao desejo real, a geada descongela e o dia entra seco, violenta, a violação
Por um pai, consentida, numa terra de deuses mórbidos, com uma única justiça a esperá-los
No fim da vida e venha o azeite, o gosto pela decadência entre pernas que se julgaram portas
De paraíso, onde o cão sarnento passou, deixando o amor raivoso ser dono do destino contagioso
De uma família merecedora de todas as missas de Domingo. Só uma fatia de marmelada no fim
De uma tarde dourada, me convence das asas de algumas pernas pálidas, todas elas tocadas
Pelos incêndios do Verão, quando se queria apenas uma gota de inocência pura, antes do regresso
Ao inferno, onde não se respira por ser real de mais e por doer como o mesmo prazer de seres
Rasgada pelo sabor da tua própria mãe, perdida no rio envelhecido, gasto o brilho, a herança
Que te espera à beira do abismo onde brincas com bonecas, algo que não pediste, nem mereceste,
Mas a ti, tiraram-te os próprios desejos e com isso deixaste de poder amar a vida dos olhos
Infernais, dos sonhos maiores do que tudo o que as tuas mãos podem agarrar, por serem
Possíveis além da realidade que te limita, tornaste-te numa fria boneca, que envelhece.
01.10.2011
Lisboa
João Bosco da Silva
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