“I´ll start off
whithout any words”
Hoje lembro-me de peixe frito em manteiga e de noites
curtas, a contar vestidos de faixas
Pretas e brancas, num sofá parecido a uma fossa sanitária a
nível genético e mutagénico,
De wayfarer a filtrar a violência dos olhares, quando me
sentia menos cinzento, ou me sentia
Menos em casa, certas liberdades só se tomam com as raízes a
secar ao ar da distância,
A vida precisa de ar e distância, espaço e beijos roubados
na púbis ruiva de uma noite
Eterna na memória gravada a laser nas retinas de quem quiser
dar importância ao
Abandono depois de uma grande festa, não me posso queixar,
desde a cegueira
Iluminada da madrugada encalhada em águas demasiado vivas,
já cuspi de muito alto
E nada, até agora, me caiu em cima a não ser o ressentimento
da água benta dos outros
Enquanto se benzem à pressa e a medo do olhar verde do diabo
amestrado, ainda será
Capaz de óculos de massa grossos enquanto despeja uma
garrafa de black label só pela
Destilação de pecados em versos, perguntam-me em noites de
liberdades provincianas,
Tem dias em que só uma garrafa de vinho da vinha do meu avó,
o que me encerrou a infância
Com murros no muro do cemitério, só uma garrafa extraída dos
pés do descendente directo,
Me pode apaziguar o tédio e a solidão e destilar uma longa digestão
de derrotas e erros,
Mas hoje, lembro-me da textura dela nos dedos engordurados
pelo peixe frito em manteiga,
Lembro-me da confusão que senti, qual o cheiro dos lagos, o
sabor do peixe, a cor do prazer,
Tudo na língua misturado com a manocromia de uma conquista
adiada para acabar no traçado
De uma linha viscosa desde o contorno delicioso da nádegas
empalidecidas pelo luar
Até ao crucificar das linhas horizontais do vestido com o meu
esperma embriagado.
30-12-2013
Coimbra
João Bosco da Silva
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