À EDP, Que Todos Os Raios Partam
Na terra do meu pai os velhotes deitam-se cedo, acordam cedo, a pele bebe todo a luz
Que o Sol oferece ao dia, o dia é de todos, à noite as lareiras são como o pão,
Cozido no forno dos vizinhos, de vez em quando um rádio de pilhas acompanha os mais sós,
Foi a prenda de Natal dos filhos que vivem na cidade grande, tiveram que fugir do
Esquecimento do governo, o carteiro ainda vem de vez em quando para anunciar
As contas do que não se pediu, a miséria para os medicamentos, mais uns dias para plantar
Umas batatas, criar umas galinhas, mais um pouco de coração cansado dos anos de mãos
Ásperas, demasiado suor por tão pouco que também querem levar, na terra do meu pai
Come-se peixe do rio, porque a raposa levou a galinha poedeira, que chocava
Os frangos que não se irão comer, na aldeia do meu pai quem fica doente despede-se,
Obviamente ninguém engravida e os netos são todos da cidade grande.
A terra do meu pai chega aos quarenta graus no verão e nesses dias ia-se ao rio,
Pescava-se, mas hoje, poupa-se nos segundos do coração, compra-se uma ventoinha,
Ou usa-se uma herdada dos filhos, com toques de ferrugem e da janela, recordam-se
Melhores dias enquanto se olham os incêndios no horizonte cada vez mais curto
E o presidente diz que é preciso fazer alguma coisa, mas só há cajados para ajudar
As pernas cada vez menos pernas, de cada vez menos gente, porque a gente não
Se arrasta pela vida, não se esforça por durar como sempre viveu, o presidente
Diz e é o que costumam fazer num país onde o crescimento do número de uns
Vale mais do que as rugas, as dores, de uns quantos que nunca viram mais nada
A não ser o que lhes tiram, e matam-nos ao contrário, porque é legal, começam
Na terra do meu pai os velhotes deitam-se cedo, acordam cedo, a pele bebe todo a luz
Que o Sol oferece ao dia, o dia é de todos, à noite as lareiras são como o pão,
Cozido no forno dos vizinhos, de vez em quando um rádio de pilhas acompanha os mais sós,
Foi a prenda de Natal dos filhos que vivem na cidade grande, tiveram que fugir do
Esquecimento do governo, o carteiro ainda vem de vez em quando para anunciar
As contas do que não se pediu, a miséria para os medicamentos, mais uns dias para plantar
Umas batatas, criar umas galinhas, mais um pouco de coração cansado dos anos de mãos
Ásperas, demasiado suor por tão pouco que também querem levar, na terra do meu pai
Come-se peixe do rio, porque a raposa levou a galinha poedeira, que chocava
Os frangos que não se irão comer, na aldeia do meu pai quem fica doente despede-se,
Obviamente ninguém engravida e os netos são todos da cidade grande.
A terra do meu pai chega aos quarenta graus no verão e nesses dias ia-se ao rio,
Pescava-se, mas hoje, poupa-se nos segundos do coração, compra-se uma ventoinha,
Ou usa-se uma herdada dos filhos, com toques de ferrugem e da janela, recordam-se
Melhores dias enquanto se olham os incêndios no horizonte cada vez mais curto
E o presidente diz que é preciso fazer alguma coisa, mas só há cajados para ajudar
As pernas cada vez menos pernas, de cada vez menos gente, porque a gente não
Se arrasta pela vida, não se esforça por durar como sempre viveu, o presidente
Diz e é o que costumam fazer num país onde o crescimento do número de uns
Vale mais do que as rugas, as dores, de uns quantos que nunca viram mais nada
A não ser o que lhes tiram, e matam-nos ao contrário, porque é legal, começam
Pelo passado e na terra do meu pai havia amostras de paraíso onde alguém viu números,
Números que os que são a terra do meu pai, nunca irão cheirar, números que são gotas
Do seu sangue cansado, rugas dos seus rostos esquecidos, gritos das suas vozes ignoradas.
Um dia existiu a terra do meu pai, num país que foi o meu, mas o meu país
Foi o lugar onde nasci, onde cresci, um lugar que existe só na minha memória,
O meu país, a filha raptada que alguém muito gordo vendeu, hoje uma prostituta,
Se fosse filho do meu país, seria filho da puta, sou filho da terra que foi a terra do meu pai.
09.03.2012
Turku
João Bosco da Silva
Números que os que são a terra do meu pai, nunca irão cheirar, números que são gotas
Do seu sangue cansado, rugas dos seus rostos esquecidos, gritos das suas vozes ignoradas.
Um dia existiu a terra do meu pai, num país que foi o meu, mas o meu país
Foi o lugar onde nasci, onde cresci, um lugar que existe só na minha memória,
O meu país, a filha raptada que alguém muito gordo vendeu, hoje uma prostituta,
Se fosse filho do meu país, seria filho da puta, sou filho da terra que foi a terra do meu pai.
09.03.2012
Turku
João Bosco da Silva
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