Golden Shower
O tédio exige, mija-me em cima, a sério, claro, tu é que pagas, a bênção
Quente a tonificar a líbido esfomeada, semanas sem um verso, sublimação
A ganhar ferrugem nas articulações dos desvios, um certo brilho
A amor, mas no fim, acaba-se sempre o tempo, insert coin, sempre assim foi
O divertimento, desde que mais uma moeda no bolso, olhares apaixonados,
Tu o maior de todos, o único, mas vem-te rápido, a vida tem mais clientes
À espera, por isso se evitam os beijos na boca, desaperta-se o cinto,
Baixam-se as calças e esquece-se a vida num momento, a mulher em casa
A ser fodida pelas telenovelas, com o útero a mirrar enquanto se
Fertilizam indecentes bocas, o tédio exige, o tédio é o dono da vida,
E quem pode pagar ao tédio, faz valer a vida a pena, dá-me mais um beijo,
Não, já acabou, já não te conheço, já não me conheces, ainda não lavaste
O sal do meu calor, mas é assim, também não espero lembrar-me do teu nome
Enquanto estou a ser digerido pelas tuas entranhas, perder-me no labirinto
Da tua alma prostituída, entre uma chuva dourada que mal alivia este tédio.
09.04.2012
Turku
João Bosco da Silva
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