segunda-feira, 9 de abril de 2012



Golden Shower



O tédio exige, mija-me em cima, a sério, claro, tu é que pagas, a bênção

Quente a tonificar a líbido esfomeada, semanas sem um verso, sublimação

A ganhar ferrugem nas articulações dos desvios, um certo brilho

A amor, mas no fim, acaba-se sempre o tempo, insert coin, sempre assim foi

O divertimento, desde que mais uma moeda no bolso, olhares apaixonados,

Tu o maior de todos, o único, mas vem-te rápido, a vida tem mais clientes

À espera, por isso se evitam os beijos na boca, desaperta-se o cinto,

Baixam-se as calças e esquece-se a vida num momento, a mulher em casa

A ser fodida pelas telenovelas, com o útero a mirrar enquanto se

Fertilizam indecentes bocas, o tédio exige, o tédio é o dono da vida,

E quem pode pagar ao tédio, faz valer a vida a pena, dá-me mais um beijo,

Não, já acabou, já não te conheço, já não me conheces, ainda não lavaste

O sal do meu calor, mas é assim, também não espero lembrar-me do teu nome

Enquanto estou a ser digerido pelas tuas entranhas, perder-me no labirinto

Da tua alma prostituída, entre uma chuva dourada que mal alivia este tédio.



09.04.2012



Turku



João Bosco da Silva


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