quarta-feira, 25 de abril de 2012





Liberdade…

Ontem a liberdade era só de alguns, hoje a ilusão da liberdade é de todos,
Mas os donos continuam a ser os mesmos, deixam andar até acharem por bem
Soltar os cães, coitados, os que têm menos liberdade a impor limites na voz
De quem ao menos, ao menos uma fome que sente e que uma refeição apressada
Não mata, a quem não é dever, porque dever é a forma dos da liberdade
Se manterem livres, mas é sabido, que para uns dormirem, outros tiveram que fazer a cama,
É sabido que dentro das possibilidades, já as possibilidades estão definidas, limitadas,
Só os loucos são verdadeiramente livres, os mortos, e os donos da liberdade,
Presos ao seu poder, à sua doentia fome de excessos, mas festejemos o dia de hoje,
Que houve cravos, mudou de mãos e passados alguns anos, as calças já estão sujas
Outra vez, as mesmas calças, quem sabe se ainda não há gotas de sangue real,
Misturado com anos de comercio de carne, grandes heróis do mar, nobres cegos,
Nação doente e terminal, maiores na história deles que na história da história,
Hábitos de propaganda numa alma cada vez menos orgulhosa das suas cores,
Trocadas pela maior oferta, quem dá mais, ilusão, que liberdade não se vende.

25.04.2012

Turku

João Bosco da Silva


1 comentário:

  1. Adorei o texto. Reflecte o presente e o "fraco" impacto na actualidade do "25 de Abril de 1974"...
    "Só os loucos são verdadeiramente livres, os mortos, e os donos da liberdade", concordo!
    Parabéns pela forma brilhante com que expões o que te vai nas "entranhas".
    bj

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