Prefiro ficar em casa, onde é familiar o vazio da tua falta, cada novo lugar onde vou
É uma lembrança da tua ausência, fico triste quando o Sol se põe e leva mais um dia,
Um dia que me acompanhou e me fez companhia enquanto os segundos, um por um,
Me dizem que tu não estás, de manhã, o dia ainda não sabe que sou metade,
E desperta-me com indiferença, procuro-te toda a noite onde me moras, escondes-te
Nas circunvoluções dos meus medos, e só espero que o orvalho me tenha trazido
Palavras tuas, bom dia sem ti são apenas palavras, que me despertam um sorriso triste,
Uma ironia inocente, deus parece-me cada vez mais real, aquele velho perverso
E hipócrita, que só por não existir lhe permito tal desrespeito ao meu coração,
Os meus sentidos esquecem-se de sentir, para se recordarem dos momentos
Em que foram expostos à felicidade que é a tua presença, e acusam-me de não estar,
Porque na verdade não estou e se fechares os olhos, irás ver-me, e mesmo que não
Sintas o meu toque, sentirás a certeza do meu sorriso quando penso no teu,
Não há fome pior que esta, nem distância maior que não estar contigo,
Daí ficar em casa, onde as paredes já sabem que só eu, sem estar, distraído no fundo
De mim a brincar com bolas de sabão, onde dentro, as recordações do que vivi contigo
A fazerem os meus olhos brilharem, como quando era criança, até o silêncio
As rebentar uma atrás da outra, então quebro-o com um suspiro onde procuro
Encontrar um traço do teu cheiro na pele que deixou de me pertencer.
17.12.2012
Turku
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário