terça-feira, 11 de março de 2014

Insónias Em Garrafas Vazias

Ninguém acredita que como tapas às quatro da manhã com muita cerveja
E o Hemingway a medir o peso dos seus tomates com unidades de coragem
E machismo, eu ganho-lhe sempre, estou vivo, tenho o tomates cheios
De ressentimento e passo pela pior guerra de todas, a que travo todos
Os dias comigo mesmo, nem quando durmo tenho descanso, quem diria que
Um puto tão sossegado, engulo mais uns goles, deixo garrafas espalhadas
Pelo caminho que ninguém lembrará, morto, tudo, até a coragem, os
Tomates mais secos que o bacalhau da Noruega, por isso invejo a barba
De Dostoievski ou a de Whitman, enquanto a verdade fermenta na forma
De quem teve uma guerra mais íntima e todas as noites tinha a morte
Nas mãos, eu estive lá, naquela carne rejeitada pelas guerras, sem
Amor, mentira para roer até a fome desistir também, traições contadas
Como se possível também nos olhos reais, há muito que fica por dizer
Por pena, mas mais fica por dizer por medo, toda a gente sabe que
A maioria dos heróis nunca o foram por falta de testemunhas, durmam
Todos os génios enquanto todo o armamento dorme na companhia de
Toda a energia potencial e o medo de falar em público, leva o
Cheiro de uma cona nos dedos, ou a certeza do cheiro depois da
Apresentação da alma dissecada, para poderes dormir sem medo no
Teu esperma derramado no granito irmão do que me pariu, longe de
Todos os sonhos boreais, onde se espera o degelo como a vida.

19-02-2014

Coimbra


João Bosco da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário