domingo, 2 de novembro de 2014

Michael Jackson

Tinhas uns quatro ou cinco anos,
Em frente à televisão,
Punha a mão na braguilha,
Apertava e gritava, AMBÉ,
Contudo, a minha mãe repreendia-me,
Não faças isso que é feio, é porco,
Também devia ser pecado,
Depois de ter enfiado uma boneca
Nas cuecas e de ter apanhado,
És um porco,
Comecei a perceber que
O inferno devia ser por aquela zona,
AMBÉ e agora o Ambé está morto,
Sempre que o ouço lembro-me
Da inocência e das horas em transe
A apanhar anéis dourados
E cair em picos, buracos sem fundo,
Correndo dentro de água
Antes da contagem chegar
A zero na última vida,
O Ambé também lá apesar
De só nomes japoneses,
Agora só visito a IceCap Zone
Por nostalgia, mas continuo a não ver
Como o Ambé era pecado e
Amén não, mistério da fé,
Que se perdeu com o encolher da roupa.

Turku

31.10.2014


João Bosco da Silva

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