Radiação Hawking
Deixai-me os tomates em paz, não ando aqui para cheirar,
respiro e vai o
Que se arrasta, não faço disto carreira, só tiro, deixai-me
estar a barba,
Bem piores são as unhas e tenho que me preocupar em
mantê-las sempre
Demasiado curtas, incomoda escrever com as unhas compridas,
As palavras rasgam carne suficiente, sem deixar marcas, às
vezes,
Quem diz que o órgão maior é a pele, é porque vê muito
pouco,
Está dito, que engula quem quiser, no fim ao menos
pergunte-se
O que aconteceu ao futuro, engoli, com orgulho, é um gesto
de reconhecimento
Perguntar, engoliste, tudo, até o luar pareceu desmaiar
durante um momento,
Se há um buraco negro no centro da galáxia, não sei, mas
tenho conhecido
Alguns, bem luminosos e de lábios vermelhos, vai tudo, por
todo lado,
Os versos são o que sobrevive ao horizonte de eventos, o
futuro limpa-se
Do batom, puxa as meias e as cuecas para cima e acende um
cigarro,
Supostamente a luz não devia escapar, mas nem os tomates,
Há abismos que os olhos não podem esquecer e com isso
Trazem-se sempre dentro, no fundo, nunca se escapa
verdadeiramente,
As unhas continuam a crescer e a incomodar, mesmo que os
restos
De epitélio alheio sem perigos de rastreamento, deixai
descongelar o inferno,
A vossa hora chegará e a salada estará pronta para quem
estiver de dieta,
Ou quiser parecer bem, ou não houver mais nada que escape, aos
buracos negros.
06.02.2015
Turku
João Bosco da Silva
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