Regresso
Parti há tantos anos e no entanto o horizonte recebe-me
sempre
O olhar com força de granito, reconhece a seiva filha
Que me corre quente nas veias dilatadas pela saudade
E os sonhos evaporados pela distância irmã que tudo
amadurece,
Há gatos novos no bairro que atravessam as fronteiras dos
muros
Como noutras noites que foram mais minhas, sem promessas
De regresso e todas as casas velhas partem e delas apenas
fica
A ausência das boas noites, a água fresca na pele familiar
É a verdade que resta, embalada pela brisa quente nas ervas
Aromáticas, haverá sempre roupa que seca esquecida das
geadas
Dos últimos invernos, um dia contarei aqueles segredos
Que não encontraram as palavras, que só aos dedos pertencem,
Com a mesma inocência com que, com a palma da mão,
Se cobre aquela serra ou a Lua ou os pesadelos dos olhos
Das noites dos que se tornaram eternos na ausência.
Torre de Dona Chama
29.07.2016
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário