Não te
esqueci, mas passaste, agradeco-te os poemas e a ausência com que preenchi o tédio,
Já nem tenho sonhado contigo, as folhas do outono ocupam-me o pensamento,
Nunca te
tive num verão sequer, só te perdi todas as vezes, antes das partidas,
Como se
pode continuar a regar um vaso vazio, é fácil, mas ridículo, como a poesia,
É esticar o
nada para fingir que tudo, como dizer-te que sonhei contigo,
Como me
dizeres que sonhaste comigo, para que não te morra, quando já morremos
Um no outro,
essa morte precoce, que é quase um esquecimento, não fosse termos sempre
O passado à
flor da pele, mas também o que nos toca se ignora,
Deixa de se
sentir, aprende-se a amar mas não se aprende a esquecer, é necessário,
Como expirar
para permitir um novo ar, para meter uns segundos mais no cadaver,
Antes que a
porta do elevador se feche e nos leve para novas dores e outros sorrisos.
Turku
23.09.2017
João Bosco
da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário