Tio
Morreu-me um tio, não o via há mais de 25 anos,
Dele lembro-me do carrinho de corrida vermelho
Com um escorpião desenhado
E dos olhos tristes da minha mãe,
Dele lembro-me da pantera cor-de-rosa do ovo kinder
Que lhe enviei e ele guardou como uma relíquia
E dos olhos tristes das minhas tias,
Dele lembro-me das cadeiras brancas
Em casa dos meus avós
Onde a família toda nunca reunida
E dos olhos tristes dos meus tios,
Dele lembro-me dos gelados esmeralda
E dos olhos tristes dos meus primos,
Dele lembro-me do luto da minha avó
Que se tornou mais luto
E dos seus olhos tristes,
Morreu no Brasil, pensei que sempre teria o Brasil,
Afinal não.
07.10.2017
Turku
João Bosco da Silva
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