domingo, 26 de maio de 2019

Chuva de Maio 

Posso dizer-te que já morri há muitos anos,  
Fiquei algures entre os cogumelos secos à chuva de Maio 
E aqueles olhos que não me viram e nem me interessei, 
A vontade tornou-se numa fome que se tolera até à hora da merenda, 
Tenho desejado tal como fazem os mortos e os iluminados,  
Mas continuo a tropeçar como num quarto escuro e estranho, 
Tem chovido e o ar sabe àquela Primavera cinzenta 
Que começou num caminho lamacento dentro de quem 
Gerou filhos de um cornudo que nunca cheguei a conhecer, 
Tem chovido, mas entre uma chuva e outra, só o coração seca. 

Turku 

26.05.2019 

João Bosco da Silva 

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