Chuva de Maio
Posso dizer-te que já morri há muitos anos,
Fiquei algures entre os cogumelos secos à chuva de Maio
E aqueles olhos que não me viram e nem me interessei,
A vontade tornou-se numa fome que se tolera até à hora da merenda,
Tenho desejado tal como fazem os mortos e os iluminados,
Mas continuo a tropeçar como num quarto escuro e estranho,
Tem chovido e o ar sabe àquela Primavera cinzenta
Que começou num caminho lamacento dentro de quem
Gerou filhos de um cornudo que nunca cheguei a conhecer,
Tem chovido, mas entre uma chuva e outra, só o coração seca.
Turku
26.05.2019
João Bosco da Silva
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