Black Swan nº2
Depois daquela noite, o que encostaste à almofada,
O esparguete arrefecido antes das férias de Natal,
Os meus óculos ridículos que presenciaram
As punhetas desesperadas à hora de almoço,
Por causa da saia à bibliotecária dos filmes alemães
Da tua colega de apartamento, será que terminou
A tatuagem na zona sagrada dilatada pelos filhos,
Penso tantas vezes na viagem de regresso naquele táxi,
Não faço ideia do que levei na cabeça,
Só nos tomates, uma vontade de anos que não despejei,
Em cima de uma mesa numa esplanada vazia
Nas traseiras de um bar numa noite de Primavera chuvosa,
A mais de mil quilómetros, de anos, de consanguinidade,
Estranho que fodi mais mulheres quando nem um livro em comum,
Amigas numa noite de tropeço, colegas na fome de um aconchego,
Poucos dentes, tudo com o favor de uma nata facilitada
Pela boca seca na manhã seguinte, ninguém esparguete
Resgatado do ralo tão limpo como a minha almofada,
Alma até, nunca mais gostei de franceses e não tem a ver com bola,
Estranhei, mas acabei por perceber, mais fácil se deixa entrar no corpo
Quem nunca na alma, tenho bebido o suficiente para confirmar.
Turku
26.05.2019
João Bosco da Silva
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