Canícula
Uma sombra abafada no aperto da canícula,
Essa promessa tão bem mentida, os galhos quebrados
No silêncio que ninguém julga, tudo seca ao Sol,
Tudo apodrece anónimo, todos sonham a vida dos outros
Em pesadelo, nada serve aos egos insuflados
Pelo ressentimento das escolhas impostas
Pela pobreza de espírito, a estas horas mortas,
Onde vibram asas de zinco, chupando um sangue
Inútil, só a solidão cantada no galinheiro vazio,
Refresca o cansaço de uma alma que há muito
Perdeu ilusões de luz e eternidade.
Torre de Dona Chama
30.07.2019
João Bosco da Silva