A Sede da Última Cerveja Depois do Tasco Fechar
Não digas que não te amei, que ainda acordo com aquela noite de Novembro
Na boca, como uma ressaca de demasiados cigarros, chupados como quem
Quer encher o vazio com fumo, naquela noite esperavas-me tu
E aquela professora de história, ainda não tinha espatifado o carro
Com o vinho do porto, já era tarde e não me atrevia ir à máquina automática
Comprar preservativos, pedi no café ao meu amigo que só tinha um,
Mandei vir uma mini e decidi enviar-te uma mensagem, a ti,
Chegas pouco depois, tomas um café e vamos dar uma volta,
Que é como quem diz, foder nos bancos de trás no largo da feira,
Primeiro fazes-me uma mamada e engoles tudo, depois lá dou uso à amizade
E montas-me com sede até me fazeres vir outra vez, impões-me o carinho
Pós-coito e dizes que é o teu momento favorito, soube-me bem cheirar
O teu cabelo húmido, ter-te nos meus braços, quase me soube melhor
Que ter o teu corpo magro empalado pelo meu caralho, levo-te a casa,
Ali perto, envio uma mensagem à professora e fodo-a no adro do santuário
Sem preservativo, que se foda, como vez, amei-te, escolhi-te,
Mesmo depois de anos antes me teres trocado por quem com muita
Dedicação de dedo, te ensinou a música do grelo espinha acima,
Que nessa mesma noite, entre a mamada e o salto no espeto,
Me ensinaste, a tua mão sobre a minha a marcar o passo até ao espasmo,
Não digas que não te amei, porque se a amizade é dar o único preservativo
Numa noite fria e vazia de Novembro, o amor é usá-lo, mesmo que depois,
Algo tão incerto como a história, se tenha que penetrar sob estrelas dançarinas,
Com a vontade de abismos e a sede da última cerveja depois da hora do tasco fechar.
Turku
25.10.2019
João Bosco da Silva
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