A Queda das
Folhas
Na piscina
fria apenas a companhia da sombra e das folhas que já apodrecem,
Chupou-se o
Verão como quem respira por uma palhinha os dias quentes
E
distantes, que correm pelos dedos como areia fina de uma ampulheta partida,
Nos dentes
o sabor ácido das maçãs que cresciam no cemitério de carros apreendidos
Na
alfandega da Guarda-fiscal, as vespas esperam a doçura da fruta que mancha
Os campos
de ténis esquecidos, as memórias são emigrantes que há muito não regressam,
Os sonhos
são estranhos que um dia nos entregaram o corpo, somos estações
De comboio abandonadas,
onde ainda cheira à madeira escurecida pelo óleo e despedidas,
Que acordar
vazio nos trará a almofada babada por todas as ausências,
Em que distâncias
acordaremos, amantes de mãos vazias, enquanto as folhas caem.
06.10.2020
Turku
João Bosco
da Silva
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