Amanhecer e Três Pedras de Gelo
Amanhece, tudo é ridículo como cada gesto de amor,
No horizonte uma cor demasiado familiar, um medo
Antigo que se apaga numa ilusão rosada e laranja,
No copo o gelo derrete, a memória acompanha o ritmo
Lento do pó que tudo cobre, há uns anos teria dado tudo
Por ter a língua enterrada nas vergonhas alheias,
Amanhece, tudo me parece seguro quando aperto
Apenas o vazio nas mãos cansadas de tanta partida,
Um homem só se cumpre quando espera a morte
Como o abraço de um irmão, o resto é cio e demasiados
Cães a um osso, amanhecer é tão fácil, como durar,
Tudo é tão certo, tudo é tão frágil, entretanto o gelo
Nem se apercebe, que todo ele, é agora, água,
A noite agora uma manhã segura, limpa e vazia.
12.05.2021
Turku
João Bosco da Silva
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