sábado, 22 de janeiro de 2022

 

Despertar

 

Dizes que me sentes pulsar dentro do teu cu,

Aí verto o sangue turvo dos dias parados,

E saio refrescado, ofegante do mergulho,

Não demoro em adormecer, um sonho vazio,

Até ao arranhar dos limpa-neves na manhã branca,

E acordo com uma fome de veludo,

Os lábios ainda manchados do velho tinto,

Regressas do banho, como se houvesse sol no dia,

Mas o dia cinzento, e sobre o meu corpo,

Nua, sinto o mundo que me aceita,

Cabelo lambido por cabras, hálito de pesadelo,

Eu inteiro, imperfeito e em queda.

 

Turku

 

22.01.2022

 

João Bosco da Silva

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