Sebastião Alba Debaixo da Figueira
para o meu compadre,
Lembro-me bem daquela tarde em Setembro,
As moscas raivosas regressavam todas de um longo inferno,
Debaixo da figueira, a garganta ainda seca da aguardente do
tio Messias
E da janela do quarto aberta para ouvir raras sinfonias de
eternidade,
No colo, ao lado de um ou outro figo já seco caído, os
versos de um conterrâneo,
Atropelado pela pressa, de quem cego, leva a vida carregando
ilusões ao lugar comum,
Bem me lembro de te encontrar a ti também, naquelas palavras
emprestadas,
Como se a dor irmã, nesta mesma terra cansada de partidas e
violentas canículas,
Que bem que me lembro daquela última tarde, ainda o livro no
meu colo,
Onde também a companhia do teu eterno silêncio, que agora
desembaraço neste poema.
Torre de Dona Chama
09/09/2022
João Bosco da Silva
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