sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

 

Back in The Game

 

Tens-me sorrido em todos os sonhos nos quais me visitaste,

Com esse teu sorriso seguro, de quem tem a verdade na mão,

E mesmo assim, vendo a fragilidade da certeza de um amigo, sorri,

Mesmo que o amigo tenha a certeza que seja impossível

Estares ali assim, todo, infinito, eterno, imortal, porque morreste,

Então mais uma vez sorris, nesse teu último sorriso vivo, dentes cheios,

À frente de uma lista de gelados, e todo o meu cansaço te parece

Ridículo, eu que sempre tive medo de viver, que sempre preferi

Enfiar palavras com os dedos no vazio, do que dizer, do que aproximar

Os lábios, do que realmente viver, contudo, eu que não mereço, continuo,

Sem fazer falta, apenas carne e vício, uma vontade de apagar constante,

Um ridículo cujas palavras cada vez mais diluídas, o peso cada vez mais difícil

De encontrar num símbolo ou som, cá estou ainda, porque não posso

Ir em direção ao banco, e levantar-te de volta ao jogo.

 

18/02/22

 

Turku

 

João Bosco da Silva

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