sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

 

Exercício de Nojo 

 

O asco de mais um dia vazio caminhando em direção a nada, 

Queimar o tempo como se tira um cabelo do ombro de alguém, 

Esperar numa queda constante que ao menos sol e nem a neve pega, 

Como o desejo que subitamente desaparece e não se sabe sequer 

De onde nasceu, a casa vazia, a bênção amaldiçoada do silêncio 

E da solidão, maior asco o de escrever um poema como os dois dedos 

Em pinça que pegam no tal cabelo, quando a vontade era de morder 

O corpo todo com a força de todas as ausências que crescem no futuro. 

 

05.02.2023 

 

Turku 

 

João Bosco da Silva

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