Intersecionismo não-Vanguardista
Queria poder falar-te das minhas viagens às ilhas gregas
No início dos anos noventa, de como tudo era verde
E próximo do sonho, queria poder falar-te da outra vida
Que vivi paralela a esta, que surge quando me sento
Com este corpo e sinto saudades daquilo que não vivi
Com esta carne, um pouco como as viagens dos heterónimos
De Pessoa, serão aquelas viagens menos reais do que
Este sol que me queima esta pele, que naqueles anos era
Pequena e pálida e tímida, iluminada por uma luz
Que atravessa uma garrafa verde de Snappy no Minho,
Rodeado por um cheiro a quartel da Guarda-Fiscal e
eucalipto,
Naquele tempo havia mais pescadores, nem tudo era
Para inglês ver e a vida era mais que meia-dúzia de dias
A fingir serenidade e azul interminável, um dia falar-te-ei
Dessas viagens no início dos anos noventa às ilhas gregas.
17/06/2023
Symi
João Bosco da Silva
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