“Perfect Day”
No tímpano vibra-me Lou Reed, a língua abraça-ma
Um branco de Santorini, guardei dois poemas teus
Para os últimos crepúsculos, dizem que amanhã
Vai estar tempestuoso, pode ser que nem possa
Sair da ilha e nunca me preocupou tão pouco
Uma tempestade, é pena que só já tenha
Dois poemas teus e uma garrafa de assyrtiko
Por abrir, no frigorífico ao lado das anchovas,
Mas ninguém é feito de açúcar e sempre te posso
Pedir mais um, ainda tenho meio farrapo de alma
Com que te pagar, o resto troquei na juventude,
Ao desbarato, por chapéus ridículos e outras futilidades,
Valeu-me ao menos a carne, que hoje petisco
Na memória, todos aqueles olhos que me sentiram vivo,
Chega mais um barco, será que amanhã ainda cá estará?
Symi
16/06/2023
João Bosco da Silva
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