terça-feira, 20 de junho de 2023

 

O Fim da Inocência

 

Julguei-me poeta, mas afinal não passava de uma remelosa

Musinha de província, com o brilho do esmalte da juventude

Ainda na pele, não era mais que um fanboy que fumava cigarros

Sentado no passeio à porta do restaurante antes do almoço,

Com o bolso cheio de certezas rabiscadas num sismo que

Ninguém consegue sentir, isto fui até que os cabelos brancos

Rasparam o esmalte e o brilho tornou-se em pó e cansaço

E as palavras o mesmo arremesso baço que pouco alcança,

Quando é ao vazio das estrelas que se almeja, julguei-me poeta,

Afinal apenas carne, criada ao ar livre, que devia ter sido abatida

Antes de perder a frescura.

 

Turku

 

07/06/2023

 

João Bosco da Silva

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