Estátuas de Sal
Façam fila, façam fila, para a viagem sem convite,
Agora todos poderiam ter ido, se isto ou aquilo,
Quantos beijos que pouco mais que o lábio inferior
Sem pele, tinhas dito, tinhas dito, eu ia,
Mas para ir tomar um café, um copito de vinho,
É sempre preciso um requerimento com dois anos
De antecedência, depois os sonhos isto,
Um acordar babado, com tudo por fazer,
Tudo o que poderia ter sido, uma fome que
Nada sacia, porque é a vontade de sonho
Que a comanda, podia ter ido também,
Se nos tivéssemos encontrado, naquela tarde
No aeroporto em Lisboa, há uns dez anos,
Sei lá, hoje se calhar estaria a beber cerveja
De outra marca e com o mesmo descontentamento,
A mesma vontade decadente de fim,
O mesmo cansaço, se calhar mais palavras
Que este saco de emigra cheio do que trouxe
Ou vou encontrando nos livros que me chegam,
Faltam tomates a tanta gente, mesmo
Que lhes falte um passo, um sacudir o tédio,
Se tivesses dito antes, se fosses fulminada
Por uma praga bíblica ou te transformasses em sal
Ao olhares para trás, amanhã será sempre tarde.
23/10/2023
Turku
João Bosco da Silva
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