sábado, 12 de abril de 2025

 


Nietzsche, Sestas e Vinhas

 

Sabes o que me lembra isto, minha filha,

Enquanto dormes sobre o meu peito,

E aproveito o silêncio para ler o que ficou

Por ler na minha adolescência,

Lembro-me de quando era um rapazola

E ia para a vinha com o meu pai,

Ele ia sulfatar, cavar ou podar, o que fosse,

Eu ficava sentado no caminho a ler

Um livro do qual pouco compreendia,

Hoje minha filha, que compreendo muito mais

Do que leio e tudo me surpreende menos,

Nunca trocaria entrar na vinha,

Sujar as mãos com o meu pai,

Por todos os livros do mundo, os livros

São eternos e há sempre tempo para eles,

Se este livro que seguro te acordasse,

Te afastasse do meu peito, podes ter a certeza

Que o pousaria logo de seguida.

 

Turku

 

11/04/2025

 

João Bosco da Silva

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