Nietzsche, Sestas e Vinhas
Sabes o que me lembra isto, minha filha,
Enquanto dormes sobre o meu peito,
E aproveito o silêncio para ler o que ficou
Por ler na minha adolescência,
Lembro-me de quando era um rapazola
E ia para a vinha com o meu pai,
Ele ia sulfatar, cavar ou podar, o que fosse,
Eu ficava sentado no caminho a ler
Um livro do qual pouco compreendia,
Hoje minha filha, que compreendo muito mais
Do que leio e tudo me surpreende menos,
Nunca trocaria entrar na vinha,
Sujar as mãos com o meu pai,
Por todos os livros do mundo, os livros
São eternos e há sempre tempo para eles,
Se este livro que seguro te acordasse,
Te afastasse do meu peito, podes ter a certeza
Que o pousaria logo de seguida.
Turku
11/04/2025
João Bosco da Silva
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