O Último Dobra-Ventos
Na segunda classe julgava que controlava o vento
Com o pensamento, pensava, para, e parava,
Pensava, regressa, e regressava, mais forte, e soprava
Com mais intensidade, isto a caminho da escola,
Pelas ruas daquela velha aldeia minhota,
Que os meus joelhos bem conheciam,
Cada paralelo que rasgava a minha carne inocente,
No regresso a casa, arrastado pela violência
Dos garotos mais velhos, que por força,
Me queriam atirar a uma fossa sanitária,
Não fosse de debaixo duma árvore, uma velhinha
Os assustar, se calhar por isso, controlava o vento
Com o pensamento, depois de uma oração, inútil,
Ao anjo da guarda, que muitas vezes estava de folga,
Ao menos controlava o vento, já que não podia
Confiar em quem me oferecia amizade
E depois me rompia a pele e me humilhava,
Perante os velhos amigos, eu que o garoto novo,
Sempre o garoto novo, mas que controlava o vento
Com a minha vontade, invisível, como o anjo da guarda,
As calças impermeáveis Kispo em segunda mão,
Que a emigrante da França tinha dado,
Impossíveis de remendar, os joelhos esses,
Há muito curaram, também perdi a habilidade
De controlar o vento com o pensamento,
Assim como a fé na humanidade.
11/04/2025
Turku
João Bosco da Silva
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