Folhas Caídas
I
Às vezes, simplesmente, por muito que se espere,
As folhas não caem das arvores, Setembro ainda tarda,
Apesar do fresco, da mão fechada e do livro pousado
À espera, longe, será o último, serei eu ainda,
E as folhas continuam a esconder o sol, quando só ao sol
Os ossos aquecem, duas velhas, não como eu,
Velhas mesmo, sentam-se na mesa ao lado,
Brindam com dois copos de cerveja e dizem,
Gozemos agora, e comentam que fulano e tal,
Com setenta anos, ainda vive, e as folhas continuam
A amarelecer até um dia, como hoje,
Hoje que não és tu a conduzir, diz uma das velhas.
II
O balanço das flores ao vento nórdico de Agosto,
Ou o lambiscar das moscas na mesa pegajosa
De uma esplanada, florir deixou de ser uma certeza,
O sol, esse, haja chuva ou não, lá estará,
Até que todas as ilusões civilizacionais se apagarem,
Como eventualmente o sorriso de todos os bebés,
A inocência de todas as crianças, a dureza relativa
De todas as pedras, um aperto na próstata e uma cega
Que não dá com o cinzeiro, tudo é triste, se houverem
Olhos que realmente vejam, até o primeiro sorriso,
O primeiro de algo que um dia último.
08/08/2025
Turku
João Bosco da Silva
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