Lição 100
Deixa-te cair todo, todo o que te vês ao espelho dos outros,
Todos os pedaços que são o que tu és, que adoptaram o teu nome,
Mas não és. Despe-te, sem pressas que já vens tarde.
Usa os punhos para lavar esses olhos da tua cara,
Usa os punhos até os olhos serem os teus,
Ignora a mancha de tinta que se espalha à volta deles,
Era o que vias, a verdade que comias logo de manhã.
Não sabes que ao dizeres que és,
Queres dizer que foste feito assim,
Convencido de que és original e único.
Esquece, esquece tudo. Abre as mãos e deixa cair esse lixo,
Deixa as mãos livres do que dizes ser e abre-as ao vento.
Sente o toque da realidade. É isso que realmente és:
Uma mão aberta, nua, contra o vento que passa.
17.09.2010
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
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