segunda-feira, 20 de dezembro de 2010



Vivemos No Tempo Dos Vampiros



adeus até sempre


Vivemos no tempo dos vampiros,

Sugam-nos, deixam-nos vazios e ainda nos cospem veneno

Na cara desprezada pela sua palidez de sentimentos.

Vivemos no tempo em que o cheiro a carne é que desperta

O calor, não no coração, onde o desejo é a realidade,

Afinal todos canibais, uns crentes em desígnios maiores,

Quando afinal, o que conta é chupar e ser chupado,

Deixar um vazio e ignorar o que nos habita.

De dia ninguém me vê os dentes, à noite todo sorrisos,

Inocentes, com promessas subliminares que o orgasmo apaga.

No fim só os dentes ficam, marcados no corpo vazio e cansado de nós,

Nós, todos, vampiros, convencidos da imortalidade da nossa juventude,

Ignorantes da dor que o nosso veneno arrasta pelos anos.

Estou vazio e cansado, não consigo aguentar menos uma gota de sangue,

Mais uma gota de veneno, já tenho os dentes que me queriam ver,

Agora deixem-me ser pálido e vazio, cheio de sonhos mortos,

De amores cicatrizados, de dores que só os olhos escondem,

Até que não conseguem mais e se fixam no vazio

De uma multidão numa noite, tantas que se repetem, convencidos

Que será diferente, mais uma vez, até ao fim da nossa eternidade.



20.12.2010


Torre de Dona Chama


João Bosco da Silva

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