domingo, 16 de janeiro de 2011



Uma Pedrada Ao Lado da Evidência


Um mesmo lugar, uma outra hora, mais frio, mais anos,

Menos esperança no que está para nos deixar continuar e mais um poema,

Mais uma pedrada contra o esquecimento,

Mais um gesto tão inútil como ridículo.

Roça um cão nas pernas cansadas, outro cão, enquanto outros ladram

E fazem da vila algo vivo que mergulha na noite e na solidão

E o sino quando toca parece acordar o vazio que habita cada coração desiludido.

A luta vale só por si e a derrota é algo que é certo e morte.

Morre-se tantas vezes em tanta gente, em tantos lugares

E mesmo assim o medo toma conta das mãos que se afastam da felicidade

Para escreverem mais um poema num mesmo lugar, numa outra hora,

Arrefecendo, envelhecendo, atirando pedras aos mortos que nos povoam,

Para que não nos esqueçam com os seus olhos virados para a eternidade.

O que é eterno é nada e um momento é um universo pequenino.



14.01.2011



Torre de Dona Chama



João Bosco da Silva

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