Aura, Bicicletas e Outras
Enquanto um vestido azul com deus (quero foder deus) e toda a sua glória
Como uma passarela às quatro da tarde num dia de sol impossível,
Uma virgem há uns dois anos atrás, canta o que meia dúzia de cervejas, ou cidras,
Lhe obrigam e alguém fotografa a água como se a vida fosse além
De uma janela, uma casa cheia de fotografias, onde não mora ninguém para recordar,
Então nada e a adolescente quase me irrita, mas o silêncio, que às vezes (alguém se assusta
E grita, docemente), permite-lhe uma imagem de sobremesa quando a vida parecer estar no fim.
O sol parece fugir, mas não passam de nuvens ou gente, mas passam
E tornam-se em besouros gordos, com gargalhadas estridentes entre asas, num momento
Que se afasta com um abanar de mão aberta, antes uma fechada e a boca ocupada com outras notas,
Outras direcções as bicicletas que passam, mais deuses, toda a minha carne é crente
E cada pensamento é uma oração ditada directamente pela verdade.
Olhos verdes, bandeiras antigas de bebés ricos a tornar o vento existente,
Uma leve dor como quem respira, ou sente o peso debaixo dos pés, o peso e a sua
Impossibilidade de ser eterno (às vezes as pernas que se cruzam abertas e infinito).
O museu de arte contemporânea, espera que o sol se canse, ou que o cinzento se venha
E traga visitas às cores inertes, encerradas em quatro paredes com uma humidade possível,
Daquela que deixa grelado, não da que dá dores de cabeça e a vida toda a escoar-se
Enquanto se lê um resultado. Toda esta harmonia, som de páginas folheadas por dedos
Ligeiramente suados à sombra de uma árvore que acorda, cães que passeiam donos,
Livros a servirem de inspiração a sonhos de sestas poucos merecidas, todo este equilíbrio,
No fio de um cabelo levado pelo vento, estragado: “quando quiseres e onde quiseres”, eu
Que gosto que a vida me obrigue… ou nem por isso.
09.05.2011
Turku
João Bosco da Silva
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