O Tamanho Da Solidão Não Se Mede Com Números
Um sabor qualquer que quase permanece, perdido algures na infância ou naquele estranho medo que só nos sonhos medo
De chegar tarde, demasiado tarde à festa da aldeia que nunca mais porque lá longe no passado, onde moram
Os avós de toda a gente, sorridentes e mais altos que nós, maiores que o tamanho de fim da festa
E com olhos mais sinceros do que os que olham as mãos vazias no fim de mais um dia, como se
A passagem do dia necessariamente nas mãos, mas muitas vezes nos olhos que os pés levam.
Antes nunca me sentia só, ainda a juventude da aldeia passava os serões a jogar matraquilhos na adega do meu avô,
Ainda o meu tio não tinha ido para o Brasil e agora só um resiste à força da rejeição do meu país,
Mesmo na aldeia pequena e rodeado de pessoas novas que me conhecem melhor que eu me conheço, porque
Com quatro anos eu só olhos, curiosidade e aquela fome que se perde com os anos e com a vinda
Da solidão que é impossível de saciar, mesmo que ainda esteja entranhado nos poros o cheiro
Roubado à beira do desmaio no jardim público de uma cidade longe de tudo o que se é,
Quando já pouco se reconhece no espelho, só os olhos, quando se olha até ao fundo e se esquece
O peso dos dias e se abraça aquele sabor que quase permanece como na primeira vez, como a
Primeira pastilha elástica que se engoliu, o primeiro e original gole de cerveja num verão sem
Necessidade de Agosto para que a família toda junta e agora tenho milhares de amigos e conhecidos em todo mundo
E afinal o mundo mais pequeno que a aldeia dos meus avós.
11.08.2011
Turku
João Bosco da Silva
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