Clint Eastwood
Não sei bem se o vazio ou aqueles anos em que ainda cheio de força e o cabelo de outra cor,
Da cor dos netos todos juntos com uma altura média de um metro e oitenta e dois,
Mas não é fácil ler aqueles olhos azuis entre aquela pele cansada e rosada pelos anos de vinho,
Todo ele resignado ao silêncio para dentro que os anos lhe trouxeram como um zumbido
E onde andará a prima à janela a dizer olá à mãe que na horta, enquanto ele lhe metia o pincel por trás.
Será que aqueles olhos o medo da tia nas couves a desconfiar a cada puxão ou o homem
Aos saltos aterrorizado pelo touro sem touro atrás do buraco da porta nodosa ou a bala
Que aquele homem careca e sem sangue te meteu na barriga por causa das armadilhas para os pássaros?
É fácil perder-me em oitenta anos de olhos fixos num ponto entre mim e o infinito, no lado de cá,
Enquanto tento manter postura, bêbado, olhando o meu avô na primeira fila, bem vestido como
Se estivesse na missa de Domingo, surdo, na apresentação do meu terceiro livro, ele, que não sabe ler.
Lembro-me dele noutros serões, com um olhar mais aceso e dirigido às cartas no banco de madeira
Enquanto a lenha crepitava contra as geadas da serra, sem a surdez a deixá-lo no canto da casa cheia
Naquelas tardes de Agosto, o homem mais duro, mais valente do mundo e hoje…
Dou-me conta de que nem ele é eterno, mesmo que aqueles olhos fixos num infinito.
31.08.2011
Turku
João Bosco da Silva
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