domingo, 2 de outubro de 2011






Antes Da Saudade



As galáxias vertidas pelos montes a anos-luz dos sonhos, dão sentido ao ladrar dos cães,

Felizes dos que têm a perversão selvagem dos canídeos e se afastam de igrejas,

Os grilos ainda se fazem ouvir na noite que deixa de acreditar na companhia da unha,

Quase um olho a que chamam Lua, o azul como a vida a ser cortado a nível dos olhos

Pelo rubro que desmaia, chama-se quem não poderá responder, de boca ocupada,

Alguém ajuda a mãe no jantar, uma pitada de inocência e ainda se faz cimento para adiar

O fim antes de um amanhecer sempre impossível, até amanhã, alguém mente sem saber,

As uvas que não foram colhidas começam a perder o brilho, nem as vespas as querem mais

Na sua exigência afiada e dolorosa pela carne fresca e os lábios cansaram-se de esperar

O vinho que fermenta, só os olhos se põem de verdade e dão a imagem de um mundo

Cego, crepitante e de pele, uma misteriosa bruma entre montes chamada saudade.







29.09.2011



Torre de Dona Chama





João Bosco da Silva

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