Antes Da Saudade
As galáxias vertidas pelos montes a anos-luz dos sonhos, dão sentido ao ladrar dos cães,
Felizes dos que têm a perversão selvagem dos canídeos e se afastam de igrejas,
Os grilos ainda se fazem ouvir na noite que deixa de acreditar na companhia da unha,
Quase um olho a que chamam Lua, o azul como a vida a ser cortado a nível dos olhos
Pelo rubro que desmaia, chama-se quem não poderá responder, de boca ocupada,
Alguém ajuda a mãe no jantar, uma pitada de inocência e ainda se faz cimento para adiar
O fim antes de um amanhecer sempre impossível, até amanhã, alguém mente sem saber,
As uvas que não foram colhidas começam a perder o brilho, nem as vespas as querem mais
Na sua exigência afiada e dolorosa pela carne fresca e os lábios cansaram-se de esperar
O vinho que fermenta, só os olhos se põem de verdade e dão a imagem de um mundo
Cego, crepitante e de pele, uma misteriosa bruma entre montes chamada saudade.
29.09.2011
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário