domingo, 2 de outubro de 2011






Anoitecer



Arrefece, mas nem por isso, só o Sol a tornar-se cobre, chamando os tractores para o jantar

Enquanto o vinho fermenta nas pipas, o pastor de galinhas come uma maçã e ignora o bicho,

No estômago a fome de há dois dias, as crianças já em casa com a mochila tombada num canto,

Quase o silêncio vibrando no espanta-espíritos de conchas, talheres e pratos, uma mota

Longínqua onde vai a minha alma e o verde persistente das folhas do marmeleiro a fazer

Rendas de sombra, lá em cima, deixando um rasto branco como uma vida que acabou de passar,

Breve, vidas esquecidas da proximidade do anoitecer, lento, montanhas solenes que engolem uma estrela.






26.09.2011






Torre de Dona Chama






João Bosco da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário