Anoitecer
Arrefece, mas nem por isso, só o Sol a tornar-se cobre, chamando os tractores para o jantar
Enquanto o vinho fermenta nas pipas, o pastor de galinhas come uma maçã e ignora o bicho,
No estômago a fome de há dois dias, as crianças já em casa com a mochila tombada num canto,
Quase o silêncio vibrando no espanta-espíritos de conchas, talheres e pratos, uma mota
Longínqua onde vai a minha alma e o verde persistente das folhas do marmeleiro a fazer
Rendas de sombra, lá em cima, deixando um rasto branco como uma vida que acabou de passar,
Breve, vidas esquecidas da proximidade do anoitecer, lento, montanhas solenes que engolem uma estrela.
26.09.2011
Torre de Dona Chama
João Bosco da Silva
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