Inutilidades
E Paraísos
Não faltam
paraísos por esse mundo fora, difícil é encontrar alguém, com quem valha a pena
Partilhá-los,
alguém que não acabe por torná-los em mais um inferno, alguém que saia antes
Do tempo
apagar uma chamas e acender outras, no fundo paraíso é só onde se deseja ter
Quem não se
tem, é só onde não se está quando se está e o calor nos obriga a aceitar a
vida.
Custa
escrever com a agonia de um dia cedo após uma longa digestão de trevas, contra
a força
Do Sol a
querer que tudo branco, as palavras tão finas, tão insignificantes contra a
vontade da
Luz, o café
foi apenas sabor a cefaleia prolongada e os olhos mal se conseguem abrir, tal é
O fascínio
pela inutilidade que é abrir a porta e viver, além das pálpebras, da retina nem
tanto,
Por isso
abre-se o caderno pequeno onde cabe todo o tamanho de uma alma cansada, alma,
Cansada, mas
apenas corpo e sono, gente demasiado gente que passa com toda a certeza nos
Passos,
folhas que se convencem da eternidade da Primavera e ainda ontem o Inverno à
janela,
Uma noite
longa que se tornou clara, a lareira apagou-se e por fim ambos um abraço obrigado
Pelo orgasmo
que se lava com repugnância na intimidade das mãos em concha ensaboadas
Com o cheiro
do amanhecer de um dia quente, que traz a promessa feliz do esquecimento.
22.05.2012
Turku
João Bosco
da Silva
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