Mais Um Ao
Professor
Era com o
mundo que querias acabar, ou uma dor que só tu sentias, foi a luz intensa
Que não
conseguias apagar no sono de uma vida demasiado curta para a tua grandeza,
Foi a
multidão de idiotas que te castravam os sonhos, os teus conterrâneos,
Foi o nojo
do sangue comum com rastejadores da vida, quando tu asas e o céu tão baixo,
Aquele céu
quente, que só nos montes encontra espaço para voo, só na tela encontra
Manobra suficiente
para tocar o grito da verdade, que seria, que foi, levaste um pouco
De muita
gente contigo, ficou o eco da tua vontade, mas neste mundo os ecos
Dissipam-se,
a memória da maioria é feita de vácuo e aí nada se propaga, já devias saber,
Devias ter
gritado numa casa vazia, sempre estava cheia de ar, agora gritas pela
eternidade
Fora, onde o
nada te espera do outro lado onde todos os que partem nunca chegam, são,
Tenho
aprendido a desperdiçar tudo o que se pareça com talento, aprendi a reduzir
tudo
A quase
nada, mantendo-me a uma distância segura dos sonhos, andando encurvado
Por entre
burros de orelhas levantadas, aprendi a reconhecer a minha decomposição
No silêncio
do espelho, aprendi a fingir gargalhadas quando não estou, afogo-me
Nas noites e
regresso na luz tão cansado que nem vontade de nada tenho,
Queria poder
ter-te ensinado a forma de passar pela doçura dos abismos, sem saltar,
Mas o
professor foste tu, fica a possibilidade do que podia ter sido, William Lee,
Que
experiência foi essa, se não se pode partilhar a não ser a especulação da tua
dor,
Deixaste o
Jack, antes do Jack chegar à meta do seu suicídio lento e agora, agora nada.
13.06.2012
Turku
João Bosco
da Silva
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