“Sunset S.S. Azemour”
O último
crepúsculo dourado rasgado a púrpura é ainda o último crepúsculo
Em que fui
feliz, apagavam-se os dias, acendiam-se já as memórias e a distância
Afiava as
garras para tocar cada fibra do miocárdio como se fosse uma harpa triste,
Não está,
não está, vibram e vibram, o teu olhar a cortar os últimos raios de Sol
Que se
escoam montanhas abaixo, dando um novo dia ao outro lado e o nosso
Último dia
até hoje a ser engolido pelo horizonte, não sei se o Sol ou se o teu cabelo,
Aquele calor
com sabor a felicidade que senti, não sei se suspirei ou se tu sorriste
Quando olhaste
para mim e me viste perdido no horizonte do meu sonho
Nas tuas
pupilas, sou apenas um mundo que habita o universo que tu és,
E este poema
surge da escuridão de uma tarde fria, tão distante como o infinito,
Cada segundo
sem ti uma eternidade pequenina na alma de um mortal confesso,
Uma
eternidade de esquecimento pelos deuses, ou só aquele em que queria
Acreditar por
ti, mas só em ti acredito, só na certeza do milagre que és tu quando
Te toco e te
sinto, e me sinto mais que o adiar aborrecido de um final inevitável,
Me sinto
parte da minha verdade e a minha verdade és tu, a conduzir em direcção
A um
crepúsculo que nunca chegará, dourada, és o “Sunset” mais belo,
O amanhecer
das minhas noites quentes, o dia é onde tu me provocas com o teu cabelo,
A felicidade
é a luz do teu sorriso, e os meus olhos só querem ser noite, para dentro
Acender aquele
pôr-do-Sol, que tu, com a tua presença substituíste até fechar a porta
E partires,
levando contigo o sabor do meu beijo e toda a minha vontade de saborear a vida.
10.01.2013
Turku
João Bosco
da Silva
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