O Sabor Do Sol
Engolir lentamente o café quente que cai no estômago vazio
enquanto a pele sedenta se engasga com
A luz do Sol, a ligeira pressão das hastes dos óculos na
têmporas que os anos tornam pálidas,
Sentir o ar fresco da manhã no início da tarde, inspirar
fundo até ao alvéolo mais profundo a vida
Que nos morre, sem pensar nisso, e a vida sabe bem, estar
sentado a olhar para o horizonte geometricamente
Recortado pela cidade, sem esperar nada das horas que
tomarão o lugar desta, sabe bem, os
Sonhos ficaram a incomodar a almofada que ainda cheira a
sono e insónias, na vida, só há uma coisa simples
Que dói, a ausência, a morte, dos outros, entretanto o Sol
esconde-se atrás do edifício vizinho,
No fundo da chávena só o açúcar a manter entre os cristais a
memória do café e uma mosca inerte,
Agarrada à esperança de uma primavera que chegará para lhe
varrer o exoesqueleto, um sol que nunca será dela.
Turku
07.03.2013
João Bosco da Silva
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