Procuro Em Mais Uma Guinness A Ausência Das Tuas Pupilas
Procuro em mais uma Guinness a ausência das tuas pupilas,
mas não vale a pena, todas
As febres tropicais, todas as viagens para regressar a lado
nenhum, tudo trocado por um pouco
De nada, ou a ilusão de tudo, que acaba por ser o mesmo nas
mãos dos sonhadores, tão ricos
Com os seus bolsos vazios, ou nem bolsos, nem bolsos, só uma
fome que não engole nada,
Só a amargura de mais um gole escuro de solidão, o olhar num
espelho vazio onde só se envelhece
Para dentro, onde ninguém mora, ninguém vive, um cemitérios
de foste, de estiveste, de quiseste,
Um currículo rico em perdeste, deixaste e é-se apenas o que
se lembra, tão pouco,
Na superfície do momento, uma descida às catacumbas da
velhota assassinada por um engano
E condenada à presença constante do que a todos espera, dou
a mão ao copo frio,
E sinto a transpiração de outros dias, no dedo que ainda
salgado de não sei que secou,
As lágrimas ausentam-se nestes dias, dizem-se inúteis nos
dias escuros, ninguém as vê,
Só se engolem e só as sente o estômago castigado pelas fomes
acumuladas nas madrugadas
No fim dos dias longos, que se vestem de noite para acalmar
e atormentar, dependendo
Do preço que estamos dispostos a pagar, no fundo, o copo
vazio, os pregos a trancar
O caixão vazio pela eternidade fora, cheio da gente que se
foi, com todo o nada que enche um copo,
Mas de pupilas nada, só o sonho, como algo que realmente se
morreu ao se ter vivido,
Os lábios recusam a língua, então cala-se mais um poema,
para incomodar o ruido do mundo.
Turku
20.03.2013
João Bosco da Silva
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