Jack Encontra-se Perdido Em Lado Nenhum
Sempre tiveste medo do amor como do ridículo, o nu público do coração e preferias o
elástico partido à tensão incerta
E agora perdeste as palavras todas Jack, engoliste todos os desejos que te impunhas, só
para
Cheirares
tão mal como o mundo te cheira, nesse nariz demasiado santo e puramente
niilista, tudo merda e mijo,
Agora não
sabes onde escondeste a pele de lobo, na companhia das moscas, nem se ainda és
capaz de beber o sangue
Doente dos
vazio que enchias com a tua incerteza e insegurança, como se os dentes fossem
Uma âncora
no barco à deriva que tu sempre foste, agora esperas que a maré suba
E que a
água verde te encha desde o convés até ao limite do que aguentas, suportas, sem
segredos,
Porque não
tens um jovem numa jaula a procurar palavras por ti, nem ninguém para sujares, usaste-as
todas,
Noites
libertinas, com o ar carregado de um suor de terra e mil orações antes do
assassínio
De mais um
dia, esqueceste-te de que o mundo te
comerá se continuares a passar fome, os dentes gastam-se no vazio,
Se
insitires em beber das miragens que só tu vês, rias-te dos felizes que enchiam
a boca de areia,
De esperma
seco dos outros nas fontes que julgavam puras, muitas vezes o teu próprio
esperma
E rias-te,
agora Jack, mais valia engolir-lhes a desilusão que te oferecem com a loucura
com que sempre
Te
dedicaste a rasgar a vida e as vidas, mas a verdade mata-se com palavras e tu
acabaste com elas.
14.04.2013
Turku
João Bosco
da Silva
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