quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Uma Fidelidade Inútil

Escrever nunca me trouxe glória ou amor, muito menos
Quando escrevia por uma coisa e a ilusão da outra,
Escrevi cartas de amor, em noites passadas em casas de amigos,
Tu ficas com esta e eu com aquela, mas escreves tu as duas,
E eu escrevia, no fim, uma das duas dava resultado, talvez
Me faltasse o olhar, ou as palavras nos lábios, ou apenas
Prontidão, seja como for, ficava a entreter a amiga com
Silêncios constrangedores, enquanto o meu amigo comia o fruto
Do meu trabalho, a que ficava comigo, entediada, sabia no fundo
Que as cartas tinham tido um único autor, apesar de uma delas
Não ter tanta timidez, depois das cartas vieram as mensagens
Rápidas, outras noites a escrever para mim e para os outros
O que sentia, do meu lado, sem efeito, do outro, ainda estão
Juntos, no fim de contas foi com o que fiquei, escrever,
E agora, nesta noite solitária, se calhar, sinto-me menos só.


Coimbra

10-11-2013


João Bosco da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário